Na agitada Belo Horizonte, onde carros de luxo dividem espaço com arranha-céus espelhados, vive Eduardo Arantes, um milionário de 38 anos, dono de uma das maiores redes de supermercados de Minas Gerais. Conhecido pela frieza nos negócios, sua vida era marcada por lucros, reuniões e uma solidão escondida sob ternos italianos e relógios de ouro. Mas tudo mudou numa manhã comum de quinta-feira.

A caminho de uma reunião importante, seu motorista precisou desviar o trajeto por conta de um acidente. Foi nesse caminho alternativo que Eduardo avistou algo que não via há muito tempo: simplicidade. Uma jovem sorridente vendia bananas em uma barraca improvisada. Os olhos dela brilhavam mais que o sol de julho. Aquela imagem o fez parar o carro.

— Vou comprar bananas — disse ele, deixando o motorista intrigado.

A vendedora, chamada Lívia, o recebeu com um sorriso e uma pergunta bem-humorada:

— Vai querer nanica ou prata? Tão docinhas que derretem na boca…

Eduardo hesitou. Não pela fruta, mas pela sensação inesperada que a presença dela lhe causava. Conversaram brevemente. Ela lhe contou que vendia frutas todos os dias para sustentar a casa desde que o pai adoecera. Eduardo, acostumado a escritórios frios e relações de interesse, se viu tocado por uma gentileza tão pura. Voltou ao carro em silêncio, com a mente cheia de pensamentos.

Naquela noite, Lívia ocupava sua mente mais que qualquer contrato. No dia seguinte, trocou o blazer por uma jaqueta simples e pediu ao motorista para levá-lo ao mesmo lugar. Quando chegou, foi recebido com um:

— Bom dia, doutor banana.

Ele riu. Era um apelido carinhoso que contrastava com a vida formal que levava. Conversaram por mais de meia hora. Eduardo não disse que era dono de uma rede de supermercados, preferiu ser só um cliente curioso. E quanto mais falavam, mais ele se encantava por aquela moça simples, direta, de mãos calejadas e coração leve.

Os dias se seguiram e as visitas se tornaram rotina. Entre cachos de banana e cafés em copo de plástico, eles construíram algo verdadeiro. Eduardo se apaixonava não só pela beleza de Lívia, mas pela forma como ela enxergava o mundo. Já Lívia via nele um homem gentil e interessado, sem imaginar o império que ele comandava.

Mas Eduardo guardava um segredo. Tinha medo de que a revelação de sua identidade destruísse tudo o que estavam construindo.

Esse momento chegou numa manhã nublada, quando uma cliente, sem querer, entregou tudo:

— Moça, sabia que esse rapaz é o dono do supermercado Arantes? Vi ele na TV!

O mundo de Lívia virou de cabeça para baixo. O olhar dela se encheu de decepção. — Você mentiu pra mim esse tempo todo?

— Não menti. Só queria que você gostasse de mim pelo que sou, não pelo que tenho — tentou se explicar Eduardo.

Mas era tarde. Lívia se afastou, dizendo que precisava de um tempo. Eduardo entendeu, naquele momento, que às vezes, esconder a verdade dói tanto quanto mentir. Dias se passaram sem notícias. Desesperado, ele a procurou. Descobriu onde morava e foi até lá com um buquê de girassóis — sua flor favorita.

— Vim pedir desculpas, não por ser quem sou, mas por não ter confiado em você desde o início. Gosto de você e do que sou quando estou ao seu lado.

Lívia hesitou, mas ao ver a sinceridade nos olhos dele, aceitou ouvir. Pegou os girassóis, sorriu com lágrimas nos olhos e respondeu:

— Você me machucou, mas também me fez sentir viva. E acho que quero tentar confiar de novo.

O tempo passou. Meses depois, surgiu uma nova barraca na feira. Uma placa amarela dizia: “Bananas da Lívia – Aqui o sorriso é de verdade.” Eduardo estava lá, todos os dias, ao lado dela. O milionário que vive de lucros agora também vive de amor.

Hoje eles moram juntos em uma casa simples, cheia de plantas, girassóis e risos sinceros. Eduardo continua à frente de sua empresa, mas antes de qualquer reunião, faz questão de passar na barraca para tomar café com pão de queijo e organizar as frutas com Lívia.

A história deles virou inspiração no bairro. Quando alguém pergunta como tudo começou, Eduardo responde com um sorriso:

— Começou com bananas… mas floresceu com amor.